Os preços no setor industrial em maio de 2022 tiveram alta de 1,83% em relação a abril. Na passagem de março para abril, a variação havia sido de 2,08%. No acumulado do ano, o indicador atingiu 9,06%, a segunda maior taxa para o mês de maio da série histórica. No índice que registra o acumulado nos últimos 12 meses, a taxa foi de 19,15%.
Mais uma vez, a indústria extrativa é o destaque com a maior variação (12,50%) - após variação negativa (-11,54%) em abril - e a maior influência: 0,66 ponto percentual (p.p.). Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado hoje (1) pelo IBGE.
“Os dois produtos com maior peso nas indústrias extrativas – óleo bruto de petróleo e minério de ferro – contribuíram para o destaque no IPP de maio por razões parecidas. Após a apreciação acumulada nos primeiros meses do ano, verificamos em maio uma depreciação corrente do câmbio o que, tudo o mais constante, provoca um aumento do montante em reais recebido pelos produtos cotados em moeda internacional, como o petróleo e o minério. No caso do óleo bruto, os preços internacionais se recuperaram em maio e no caso do minério, em particular, é observada uma recuperação na segunda quinzena do mês, período em que se concentraram as exportações brasileiras do produto. Essa combinação de depreciação cambial com recuperação dos preços internacionais é importante para explicar o aumento de preços das indústrias extrativas, a principal responsável pelo resultado geral no mês”, explica o analista da pesquisa, Felipe Câmara.
Vale lembrar que as indústrias extrativas também foram destaque em abril, só que pelo viés negativo (-11,54). O analista diz que as razões são semelhantes – a dinâmica cambial e dos preços internacionais – só que com o movimento oposto. “Em abril ainda tivemos um mês com apreciação cambial e os preços internacionais tanto do petróleo quanto do minério estiveram em baixa. Em função da volatilidade no preço dessas duas commodities e do peso que as indústrias extrativas representam no cálculo do índice geral, o setor acabou figurando entre os destaques nos últimos meses, seja quando variou negativamente ou quando variou positivamente”, analisa Câmara.
O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, isto é, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação. Dessas, 21 apresentaram alta em maio.
Olhando sob a ótica das grandes categorias, bens intermediários e bens de capital superaram inflação média. O aumento nos bens intermediários muito associada aos já mencionados aumentos nas indústrias extrativas, mas também ao seu impacto, ao longo dos meses, nos custos das cadeias “a jusante”, como a siderurgia e produtos do refino. “No caso de bens de capital, em particular, os maiores preços das máquinas e equipamentos agrícolas são destaque, em um período de planejamento investimento em capital para o plantio do segundo semestre do ano”, conclui.