Nos jogos no estádio Nilton Santos, a torcida botafoguense estende uma faixa onde está escrito: "O clube que transformou o Brasil no país do futebol". Na frase poderosa, está expresso obviamente muito do orgulho inflamado que caracteriza a paixão por uma camisa, mas há também várias camadas de verdade.
Além de histórico fornecedor de craques para a Seleção, o clube de General Severiano teve formações antológicas que representaram um certo ideal brasileiro de jogar bola -- e ninguém, é claro, encarnou de forma tão pura a índole nacional dentro de campo como Garrincha. Na última noite, todos os nomes históricos da estrelada trajetória, e mesmo os nem tão históricos assim, de certa forma ajudaram a garantir a inédita classificação para a final da Libertadores.
O clube que transformou o Brasil no país do futebol disputar uma final de Libertadores é mais do que merecido: é uma reparação histórica. No dia 30 de novembro, vão entrar no campo do Monumental de Núñez também Jefferson, Nilton Santos, Afonsinho, Jairzinho, Maurício, Paulinho Criciúma e Loco Abreu, entre tantos outros que, em épocas de glórias ou vacas magras, se empenharam para manter o Botafogo sempre em pé e altivo, sempre respaldado pela sua própria história. Porque, na ausência de títulos ou mesmo campanhas de destaque, muitas vezes o orgulho se bastava -- e, enquanto se bastava, esse orgulho crescia.